Sem Censura Forever!

Imagem: reprodução da transmissão pela TV

Assim como eu, certamente agora, muitas pessoas estão felizes assistindo ao renascimento do programa Sem Censura. Quantos telespectadores estavam sonhando com a volta do programa! Eu também estava sonhando!  Há uma felicidade em mim que não cabe em palavras. Só quem assistia ao programa antigamente sabe o que estou sentindo.

A bancada repaginada mantém a aparência das antigas bancadas. A apresentadora Cissa Guimarães magnificamente definida esbanja simpatia, alegrias e intelectualidades — e mantém a deliciosa tradição de todas as mulheres que passaram por lá.  Os novos debatedores, os convidados, o cenário contribuem para que o Sem Censura de hoje seja como dantes: leveza, razão, cultura e magia. Tão gostoso assistir ao programa agora! Agora e sempre — Porque certamente nosso Brasil jamais será vítima da extrema direita e nem de ideólogos da ditadura militar, e com isso, não teremos mais censuras ou extinções de programas como ocorreu com o Sem Censura.

Lembro-me quando na gestão bolsonarista o programa foi retirado do ar em 2019.  Voltou em 2021. Senti uma tristeza danada como se um ente querido estivesse doente em um leito à espera da morte, porque o programa voltou decadente, soturno e moribundo. Sempre temos a esperança de que o enfermo em fase terminal se convalesça.  Pois eu tinha a esperança de que o Sem Censura convalescesse. O horário reduzido para pouco mais de trinta minutos em apenas uma apresentação por semana, a mudança do conteúdo para temas relacionados à política em detrimento dos diversos assuntos que o programa tinha antes. Tudo era chato no Sem Censura da era bolsonarista, a começar pelo formato que mais parecia um debate de candidatos a alguma eleição. Deixei de assistir. Por que gastar meu tempo assistindo a um programa sem graça, e ainda por cima, formatado por uma equipe bolsonarista? Acendeu em mim a esperança de que, quando findasse o fardo bolsonarista, as nossas tardes voltariam a ser alegres e intelectuais com a volta do Sem Censura original nas tardes dos dias úteis. E voltou! Porque não usar aquela velha frase das lutas sociais “O Gigante voltou”, já que o Sem Censura era campeão de audiência da TV brasileira no horário? Sim: o Gigante voltou!

Eu era adolescente quando descobri esse programa televisivo e não desgrudei mais. Minhas tardes se tornavam gostosas por causa do programa.  Minha mãe achava estranho um menino ficar ali assistindo àquele tipo de programa! Não era só a maciez visual que o programa propiciava para mim, era a descontração da apresentadora, dos debatedores e entrevistados, os temas variados, a emoção do riso ao choro de quem apresentava o programa. A variedade: uma peça nova que estrearia no Rio ou São Paulo, um escritor que estava lançando novo livro, médicos dando dicas de saúde, alguém falando de política, astrologia, veganismo, naturalismo, problemas do Brasil, novas tecnologias para o bem-estar, regras de etiquetas… sociólogos, políticos, filósofos, cantores, juristas, dramaturgos, atores, passistas de escola de samba, atletas…. Eram várias pessoas entrevistadas a cada dia! Geralmente eram dez pessoas, dez ideias diferentes, dez humanos unidos pela erudição e pela simpatia!  E eu assistia, ria, emocionava, aprendia! Cada programa ia aos poucos formando minha erudição. Cresci, veio as obrigações laborais e só no dia da minha folga é que eu tinha condição de assistir até que a era bolsonarista tirou de mim o prazer que o programa me propiciava.

Cissa Guimaraes está divina no comando do programa! Tão pura, tão natural, tão simpática como ela sempre foi e será! Sim: simpática fazendo jus a todas as mulheres que comandaram o Sem Censura.

Claudia Raia, entre risos, simpatia, segredos e intimidades fala do musical Tarsila, a Brasileira. Miguel Falabella é carisma, intelectualidade e nos provoca risos, fala do sonho de filmar Querido Mundo e me deixa ansioso para assistir à peça Nara quevai estrear nesta semana. A jornalista Luciana Barreto descontraída, iluminada e cult nos prendeu atenção ao falar de si, da emoção ao apresentar uma notícia triste no telejornal, da alegria de voltar para apresentar o novo telejornal, a alegria de lançar o livro Discursos de ódio contra negros nas redes sociais, que vou comprar.  Xande de Pilares é simpatia, cultura e musicalidade falando de sua história e do projeto musical das músicas de Caetano. Emociono com a exibição do vídeo de Caetano chorando ao ouvir Xande cantando a música Gente. Muka, iluminado e cheio de simpatia está mandando bem como debatedor. E agora Xande nos empolga com improviso em homenagem ao Sem Censura.

Que música Xande Vai cantar no final do programa?

Agora, que entra o quarto bloco, pela quarta vez, grito feliz da vida para o universo:

Sem Censura Forever!

Vald Ribeiro

P.S.

Imagem: Vald Ribeiro

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