Carta a Niède Guidon

( arquivo pessoal/ Profª Ma Ivana Lima e Silva)

                                                                                          Ivana Lima e Silva

Foto da uma das salas do edifício que será demolido em breve ( arquivo pessoal/ Ivana Lima e Silva)

Querida Niède Guidon, lamentável a sua partida, tão recente, no dia 04.06.2025. Poucos dias depois da sua partida, foi encontrada uma caverna com vários cenários de pinturas. Gostaríamos tanto que estivesse aqui para decifrar esses registros.

Pelo que sabemos, a caverna é da década de 1970, já foi habitada por vários grupos humanos, organizadas em turmas.  Até os dias atuais, os habitantes são nômades, os que ocupam a caverna, permanecem nela por um tempo que varia  entre três a sete anos. Alguns cumprem uma tradição familiar, pois os avós e pais também a ocuparam por um período.

Analisando as pinturas encontradas, percebeu-se que os humanos já possuem uma forma de escrita e deixaram impressas nas paredes vários registros. O curioso é que mesmo utilizando a forma escrita, os desenhos estão presentes, o destaque é para a impressão das mãos nas várias paredes, os tamanhos são variados, são mãos femininas e masculinas. Um detalhe, as tintas utilizadas são industrializadas, possuem componentes químicos, muito diferente das tintas utilizadas pelos povos que habitaram a Serra da Capivara, no Piauí.

 Niède, se você estivesse aqui, por certo nos ajudaria a preservar essa caverna e as pinturas existentes nela. Soubemos que irão destruí-la, e assim não servirá mais de refúgio para povos que desejam habitá-la a fim de aprenderem uma linguagem e uma escrita.

Na caverna percebe se uma inscrição com o seu nome CIENB, atualmente CIEB.

 Niède, gratidão por todo o seu legado.

Abraços.

Ivana Lima e Silva (foto: arquivo pessoal)

Em uma carta fictícia à recém-falecida arqueóloga Niède Guidon, a professora de Geografia e mestre em paisagem cultural, Ivana Lima e Silva*, expressa sua tristeza e indignação com a iminente demolição do antigo prédio escolar do Complexo Integrado de Educação Básica Profissional e Tecnológica de Vitória da Conquista (CIEB). Utilizando a metáfora de uma “caverna” com pinturas e registros de antigos habitantes, a autora lamenta a perda de um patrimônio cultural que, segundo ela, deveria ser preservado.

A crônica é um apelo veemente à preservação da memória e do legado cultural, ecoando a frustração da professora por não ter sido ouvida em sua luta pela manutenção do antigo edifício. A “inscrição CIENB, atualmente CIEB” na “caverna” reforça a conexão direta com o prédio escolar, e o nome de Niède Guidon evoca a defesa do patrimônio.

Related posts

Papai Noel é Karl Marx disfarçado

Os dois galhos da operação Galho Fraco

Júlio Lancelotti fica!

Usamos cookies e tecnologias similares para aprimorar sua experiência, personalizar publicidade e recomendar conteúdo. Ao continuar usando nossos serviços, você concorda com o uso dessas funcionalidades. Políitica de Privacidade